falta-me humildade.
ontem li que o animal de estimação de uma ex-colega de universidade tinha morrido. parece que, actualmente, gere um blog de conselhos (isto existe? são daqueles que dão dicas sobre o que fazer aqui e ali, em dias de celebração e quês), e expôs a sua perda lá. pareceu-me tudo demasiado exagerado. a morte de um animal, por muito que nos toque - e eu sei que toca imenso! - nunca pode ser comparada à morte de uma pessoa. tal comparação foi feita no post. senti-me mal com a comparação. senti que... a rapariga muito provavelmente não sabe medir a dor de perda. ainda assim, senti que estava a ser injusta com ela [embora por razões diferentes das que tento reflectir neste texto].
dito isto, que até agora só tinha pensado, posso afirmar que o que penso, reflecte-se e volta a mim. da forma mais triste que pode acontecer.
o meu querido cão, o bichinho que nunca sabia bem se me ia morder, morreu hoje. não percebemos o que se passou. esteve bem ontem. hoje de tarde, ao sair de casa, dei por ele num estado estranho - chamava-o e não vinha. fui dar-lhe água, mas não se mexeu. aos poucos, foi dando a volta à casa, muito cansado e sem força. e lá morreu.
são nestas altura que sinto que recebo sempre lições sobre o que penso. é bom admitir que falhamos quando pensamos "menos bem" de outras pessoas, através de coisas que nos acontecem.
não estou completamente perdida, não tenho aquele sentimento de que tiraram o tapete debaixo dos meus pés, de que agora é tudo instável e não sei que rumo tomar. mas sinto o vazio, sinto a falta do cão. esteve connosco 9 anos. havia outras memórias ligadas ao Bilú, que nos transportavam a quem perdemos. no entanto, lá por sentir de forma diferente a dor da perda do meu cão, não quer dizer que a minha ex-colega não tenha razão, em sentir que o seu animal de estimação provoca-lhe uma dor que pode ser igualável à perda de uma pessoa.
ainda assim, o que queria recordar disto é que, essencialmente, fico decepcionada comigo mesma quando, em certos momentos, me falta humildade. esta mania de comparar acontecimentos alheios com os meus. as coisas nunca são iguais. eu não posso medir a escala de dor de alguém pela minha escala de dor. e gostava de me recordar disso... sempre que possível. fica o exemplo do dia de hoje.
Sem comentários:
Enviar um comentário