ninguém me dá os meus 26. se calhar nem eu me dou os meus 26. até é um número redondinho para tão poucas experiências. não quero sentir isto quanto tiver 30 ou 40. oh, desgraça! às vezes sinto-me uma velhota. sinto porque, às tantas, começo a pensar como uma: "não me revejo nesta sociedade, nesta geração". às vezes sinto-me uma miúda de 9 anos. creio que é por causa da franja. mas se a tiro, espetam-se os remoinhos, é uma trabalheira. se a deixo, sinto-me uma miúda. e nada de batons, maquilhagens brilhantes, nem saltos altos. nisto dos sapatos culpo os fabricantes, não tenho pés de princesa, e nunca fazem o meu número. e, no meio de tanta coisa, pergunto-me se a culpa não será minha, por não fazer um esforço para fazer algo que mudasse a minha posição. a questão de sair da zona de conforto, e viver desconfortável. e, quando penso nisso, quero lá saber dos 26. fico com o que me derem, que isto de viver desconfortável faz os dias parecerem maiores.